Ano: 1998. Local: Belo Horizonte. Cidade parada para celebrar as vitórias da seleção brasileira. Todos os amigos solteiros e festejando muito. Depois de um Brasil x Holanda, em que o Brasil, daquela vez, tinha saído vencedor, fomos todos ao bairro São Bento comemorar.
Lembro claramente que nos dividimos em 3 carros e coube a mim acompanhar um amigo no Fiesta de sua irmã...
Antes de chegarmos ao famoso bairro, rodamos por quase toda BH. Som no último volume, cantando as músicas do momento, zoando com os amigos, mexendo com as meninas... Foi definitivamente muito divertido!
Quem conhece BH, sabe a "pirambeira" que é descer da Raja Gabaglia até o Center São Bento. E foi numa dessas ruas que aconteceu...
Eu e Cabelo conversávamos animadamente dentro do Fiestinha quando um barulho enorme veio do lado de fora. Olhamos um para o outro para entender o que era. Escapamento solto? Pneu Furado? Pára-Choque caído? Nada...
De repente, olho para o meu lado e demoro um pouco para entender a cena: o estepe estava ultrapassando o carro!
Imaginem a cara de tontos que fizemos ao ver aquele pneu saltitando ao nosso lado seguindo uma trajetória perfeita. Ou quase...
Havia um carro no caminho. Lembrei agora de Carlos Drumond de Andrade.
"No caminho havia um carro. Havia um carro no caminho..."
O pneu explode na porta de um carro estacionado na entrada de uma garagem. Cabelo pára o carro e fica olhando para mim, que estava sem acreditar no que aconteceu:
-"Pega, Pega!" - grita me fazendo acordar do pesadelo.
-"Como?" - pergunto de tão abismado com a situação.
-"Abraçaaaaaa!!!!" - grita ele fazendo sinal para me apressar.
Desço do carro, abraço o pneu como se fosse meu filho e entro no carro como se estivéssemos fugindo de um assalto a banco! E ainda mais com a tampa do estepe arrastando no chão causando um "Carnaval" imenso.
Algumas ruas abaixo, os amigos já esperam deitados no chão de tanto rir... Um deles solta a maior do dia:
-Você tá parecendo mãe desse pneu... Aliás ele é a sua cara: Pretinho!
São momentos como esse que não troco por nada na minha vida.
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