quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Vivemos no país do preconceito...


Mudando um pouco o foco do blog, deixo aqui registrada minha indignação.
Fico pensando, até quando ficaremos calados para algumas cenas, que começamos a achar cotidianas.
Quanto mais iremos julgar pela cor da pele?
Quanto mais iremos julgar pelas roupas?
Quanto mais iremos julgar pelo dinheiro? Ou falta dele?
Existem diversos preconceitos horrorosos em nosso Brasil, e precisamos acabar com eles.
Uma dessas cenas ocorreu na área nobre de Belo Horizonte, onde um cidadão, ou projeto de cidadão na minha opinião, estacionou o carro em local completamente proibido.
Mas não tinha importância... Afinal, era seu carro de mais de 300 mil reais!
Quando abordado pela Bhtrans e PM, bradou todos os seus direitos, como empresário e milionário, que ninguém tinha a audácia de rebocar seu carro, ainda mais por ser um integrante da "High Society" belorizontina.
Sua arrogância e petulância humilharam de forma desumana o agente de trânsito, xingando-o e rebaixando-o a um mero funcionário público, como se essa função não fosse ocupada por juízes, desembargadores, prefeitos, promotores, delegados e afins...
O pobre coitado chorou copiosamente dentro do carro da Bhtrans.
Cena para ser esquecida. Não pelo agente, que deveria procurar justiça, mas todos que viram e ouviram o desenrolar da situação.
Esse tipo de preconceito já está tão enraizado na nossa sociedade que, até aqueles que são vítimas do mesmo, tem preconceito.
Cito um exemplo clássico.
Tivemos, em nossa casa, uma doméstica que vinha de uma família que atendia a nossa há anos. Fui criado por ela, desde novo. Aprendi a andar, falar e tudo mais na cia dela. Ela se aposentou e, esporadicamente, nos visita, ficando alguns dias na casa de minha mãe. Tenho um apreço enorme por ela. Para não dizer amor!
Numa dessas visitas, havia muitos anos que não a via, a recebi com um largo sorriso e já fui em sua direção, lhe dando um beijo na testa. Para minha surpresa, ela disse:
-Não faça isso! Preto não se beija - claramente incomodada.
Essa frase me incomoda há anos. De onde tirou isso? Sou melhor que ela? Ela é pior que alguém?
A resposta é um sonoro NÃO. Ela é muito melhor que muito riquinho que conheço.
E não é um caso isolado. O preconceito tem várias formas. E todos nós sabemos quais são...
Vamos ficar calados? Vamos olhar com desconfiança uma pessoa mal vestida?
Vamos deixar cenas como essa acontecerem à nossa frente?
Hoje aconteceu uma coisa que me deixou engasgado.
Não costumo citar nomes aqui no blog, e continuarei dessa forma.
Ele é muito humilde, negro, mora no subúrbio de BH, trabalha com dignidade e é um bom profissional. Ganha um bom salário e tem seu carro, usado claro, muito conservado. Melhor até que o meu, diga-se de passagem.
Resolveu pagar uma conta em uma casa lotérica. Foi com seu uniforme de trabalho: bermuda, camiseta e chinelos. Chamou outros dois colegas de trabalho.
Entraram na lotérica e ao sair havia um carro de polícia atrás do carro dele. Como não deve nada, entrou no seu carro e se dirigiu ao trabalho. Mas, no caminho, percebeu que já havia outro carro de polícia o seguindo. Ao dobrar a segunda esquina, foi fechado pelo terceiro carro de polícia com a sirene ligada. A cena a seguir todos imaginam...
Todos colocados de cara no chão, de pernas abertas, com as mãos na cabeça.
Carro revistado, documentos verificados e muitos curiosos em volta. Um dos ocupantes do carro tinha mais de 65 anos, tremia de dar dó.
Depois de todo constrangimento, o dono do carro pergunta o motivo da abordagem:
-Recebemos uma denúncia anônima! - disse arrogantemente, o sargento.
São dois exemplos contrapostos para ilustrar o tipo de sociedade em que vivemos.
Qual o motivo do cidadão milionário não ter seus documentos verificados ou o carro revistado?
Tem muito milionário em Brasília com ficha corrida de dar volta no quarteirão.
Mas política é assunto para outro dia...

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