sábado, 4 de dezembro de 2010

Juventude em risco

O que relato a seguir mais parece uma crônica de Nelson Rodrigues. Mas acreditem, aconteceu.
Depois de um dia bem cansativo, nada melhor que um bom banho. Depois disso, aquela famosa esticada na cama.
Com poucos minutos de descanso, já com os olhos fechados, começo a escutar gritos que, à princípio, eram somente sons indecifráveis de uma discussão. Com o desenrolar dos sons, aqueles abafados se tornaram gritos de socorro e depois disso ouviu-se um barulho também abafado.
Corri até a janela e percebi que tudo acontecia no prédio em frente ao meu.
Correria, mais gritos, pessoas chegando até as suas janelas, portões se abrindo...
Desci até a portaria e atravessei a rua.
Ao chegar até o prédio em frente, uma cena pertubadora: uma moça caída, urrando de dor, com seus pais apavorados e suas irmãs em pânico.
Essa moça, de presumíveis 17 anos, havia pulado da janela do 4° andar caindo no jardim do prédio.
Todos tentando ligar para o Samu, polícia e bombeiros.
E foi uma espera angustiante. Em 10 minutos, apareceram cerca de 6 viaturas de polícia e nada de ambulância.
O pai não se continha: abraçava a moça e chorava copiosamente. A mãe ajoelhada no chão, pedindo à Deus para salvar a vida de sua filha. A irmã gritava ao celular reclamando da demora do Samu.
Um dos policiais, ao chegar na frente do prédio, não acreditou:
- Não acredito que é ela! Acabei de deixá-la aqui! - com o semblante de incredulidade.
Fomos saber, mais tarde, que a moça havia sido encontrada num bairro perigoso de Belo Horizonte, apenas de bíquini e completamente bêbada.
Trazida pelos policiais, havia discutido com os pais e ameaçado pular pela janela.
Chegaram 2 unidades do Samu, os médicos já correram para verificar seus sinais vitais e levá-la ao hospital.
A cena durou cerca de 30 minutos e deixou todos se perguntando do porquê disso...
Acredito que ela esteja bem, já que mexia as pernas e estava consciente. Mas acho que sua consciência nunca mais será a mesma.
Qual será o comportamento dos pais a partir desse episódio?
Será que a mimarão a ponto dela fazer o que bem entende?
Será que ficarão com medo de morar numa cobertura e sua filha pular na próxima discussão?
Será que corrigirão seu comportamento e buscarão tratamento para ela?
Não sei a resposta.
Mas fica registrada minha indignação com o comportamento auto destrutivo dos jovens de hoje.
Beber até cair hoje é moda, usar todos os tipos de drogas, não se proteger diante do sexo cada vez mais fácil virou regra.
Sem dizer que se acham os donos do mundo, destruindo toda a fraca estrutura familiar ainda existente, sem modos ou qualquer tipo de educação. E os pais cada vez mais receosos de estabelecer limites e dizer quem realmente manda.
Sou do tempo em que se tinha um respeito enorme pelos professores, além de "quase medo" da reação dos pais diante de algo que eu pudesse fazer errado.
Família é fundamental, mas anda se perdendo o sentido dela.
Como diria minha mãe:
- Não se fazem mais "Mães Más"!
Publico esse texto em breve para entender seu significado.

2 comentários:

Unknown disse...

Depois me perguntam por que nao tenho filhos até hj... Como diz meu ilustrissimo sogro: " Filho nao gosta de pai!!!"

Tantas pessoas querendo viver sem seus andadores, cadeiras de roda e todas aquelas parefernalias ( que Deus me perdoe) para se locomover, como uma simples ida ao banheiro parece uma guerra sem fim... essa "nossa amiga" tentando suicidio...

"O Mundo tao desigual..."

Abratzz!
Cláudio

Prof. Caroline Ferreira disse...

Olá Eduardo, muito interessante esse seu relato vivido, copiei ele pra passar em uma aula pra jovens onde abordaremos tais assunto. Grata.

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