Boate badalada de Belo Horizonte, lotada como sempre...
Mulheres lindíssimas, homens produzidos, House da melhor qualidade. Todos dançavam e procuravam alguém interessante.
O jogo de cenas e luzes transformava o local numa ilusão: que tudo é lindo e o sentimento deixado para segundo plano.
Ele não estava acostumado com aquele mundo de falso glamour. Gostava de conversar e conhecer melhor sua interlocutora.
Se aproximou do balcão e pediu uma Schweppes Citrus. Não queria beber. E se assustou ao ver o preço da bebida no cardápio. Era simplesmente 10 vezes o valor cobrado em um bom supermercado. Não importava. Estava pagando para viver uma ilusão.
Tentou conversar com algumas mulheres, mas tudo que recebia era um nariz apontado para cima ou uma virada de ombros.
Ainda não sabia que nesse tipo de circuito ele precisa de algo mais. Na visão delas, claro. Precisava frequentar as colunas sociais, precisava ser bem-sucedido, ter uma boa conta bancária ou um sobrenome importante. Não poderia esquecer o seu carro importado, mesmo que financiado em zilhões de prestações.
Nessa mesma visão, ele deveria ter viajado o mundo inteiro e conhecido o melhor do melhor.
Resumindo: ser o sucesso em pessoa!
Não importava a sua inteligência, sua família, seu caráter e a condição financeira razoável.
Ao invés de se aborrecer, raciocinou. Era tudo uma mentira!
E continuaria a viver aquela enorme mentira naquela noite.
Queria um relacionamento superficial e curto, vivendo de aparências, escorado no imaginário e pomposo sobrenome, fingindo ser milionário e atraindo aquela espécie de abutre.
Ainda teve tempo para se divertir. Achava aquilo que acontecia à sua frente, ridículo. Centenas de reais jogados fora nas garrafas de champagne importado e chaves de carros sobre a mesa rodeada de alpinistas sociais.
No final de tudo, desabafou:
- Nem se eu ficasse aqui 3 dias direto, acharia alguém interessante!
E já pensou no churrasco com os amigos no próximo final de semana...
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