quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Omo Dupla Ação

Eles viviam às turras.
Ele com seus trinta anos e sua falta de paciência habitual. E ela no auge e exuberância dos 20 anos. Não podia dar certo.
Independente de tudo, viviam uma tórrida paixão. O ciúme era uma constante no relacionamento. Da parte dele por ela ser uma mulher já aos vinte anos, com seu cabelo loiro e olhos claros magnetizantes e, da parte dela, por saber da sua experiência, do charme e inteligência dele, daqueles homens que conquistam só na conversa... Ah, e existiam as amigas dele!
Naquele final de semana tiveram mais uma discussão, ficando sem conversar alguns dias.
Depois de um longo dia de trabalho, ele resolveu ir para casa mais cedo. A arrumação da casa era uma terapia: lavar roupas, louça, os banheiros e varrer todo o piso.
Já estava quase terminando quando o telefone tocou. Era uma amiga, dizendo que estava perto da casa dele e, durante a conversa, ele percebeu que estava sem sabão em pó:
- Não se preocupe, estou no Carrefour e levo para você! - disse a amiga.
Ele agradeceu e disse que seria uma oportunidade para colocarem o papo em dia.
A amiga, ao chegar ao seu prédio, encontrou a entrada liberada pelo porteiro e subiu até o apartamento, sendo recebida como muita alegria. Afinal, haviam alguns meses desde que se encontraram pela última vez.
- Estou muito feliz de encontrar com você. Vamos comemorar com um vinho? - pergunta ele sem aguardar a resposta já abrindo um chileno e entregando uma taça a ela.
Conversaram sobre tudo: trabalho, viagens e os desacertos amorosos.
Já estavam no meio da garrafa quando a campainha do apartamento tocou:
- Deve ser minha vizinha pedindo açucar, sal ou até mesmo uma pipoca de microondas - disse ele ao lembrar que sua vizinha sempre pedia os mais diversos favores.
Quando abriu a porta, sua namorada deu pulo para dentro do apartamento:
- OOOOiiiiiii.... - a empolgação inicial foi dando lugar a uma cara fechada diante da sua avaliação do cenário.
Haviam roupas de cama espalhadas pelo chão da sala, a garrafa de vinho pela metade sobre o aparador da cozinha, duas taças quase no fim e uma morena estonteante sentada na banqueta...
A ficha demorou uns 15 segundos para cair...
Ele não sabia o que fazer, porque avaliou também o cenário no mesmo instante e descobriu que não era só para batom na cueca que não existia uma boa desculpa!
- Não é o que você está pensando! - disse ele surpreso ao falar o maior clichê que um homem pego no pulo falaria.
Ela, sem pestanejar, esbravejou:
- Quem é essa periguete? - olhando a morena dos pés a cabeça.
- Uma amiga... - murmurou ele.
- Amiga de c* é rola! - esbravejou ela, ainda mais possessa pela beleza da tal "amiga"...
E o que ninguém podia esperar, aconteceu. A namorada quis tirar satisfações ali mesmo com a morena!
A amiga, prevendo que o tempo ia fechar, já foi saindo pela porta em direção ao elevador seguida pela loira enlouquecida no seu encalço:
- Onde você vai, periguete? - gritou a loira com o dedo apontando no nariz da amiga.
A partir daí aconteceu a cena mais patética já registrada na história dos relacionamentos: as duas ficaram lado a lado dentro do elevador com ele segurando a porta e pedindo para as duas ficarem para resolverem a situação.
E as duas foram embora e ele ficou acompanhado o jornal da noite para saber se havia tido algum assassinato na sua rua.
O sabão em pó teve realmente dupla ação: acabou um namoro e enfraqueceu uma amizade...

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