segunda-feira, 7 de junho de 2010

Voltando no passado...

O domingo foi muito agradável. Acordei cedo, curti o dia maravilhoso que se desenhava no céu e saí para almoçar com minha mãe. Meu tio-avô foi conosco. Completou 94 anos neste sábado e publico aqui meus parabéns.
Fomos à um restaurante perto de casa e começou uma viagem no tempo...
Ele é o integrante direto mais velho dos Monteiro e é uma enciclopédia viva. Dono de um português corretíssimo que tento imitar mas, sem sucesso. Nos divertiu ao contar a história e as estórias da família Monteiro-Coutinho.
Contou sobre o meu tataravô, Domingos Monteiro, de Ouro Preto, onde pelo que ele se recorda, foi farmacêutico, músico e pirotécnico. Ainda segundo meu tio-avô, Sr. Domingos Monteiro compôs "Saudades de Ouro Preto", música que fala da beleza das montanhas, provável razão da minha paixão pela cidade: está no sangue!
Mudamos o assunto para meu bisavô, José Monteiro, a sua mudança para a nova capital, onde exerceria a função de fiscal da Fazenda, morando na Rua Bernardo Guimarães, no bairro Funcionários, local esse escolhido na fundação de Belo Horizonte para abrigar os funcionários públicos, razão do nome do bairro.
Contou também sobre a mudança da família para Angra dos Reis, onde ele se recorda de casos hilários, contados com uma alegria quase juvenil. A estória de amigo presumidamente "gay", que adorava o físico dele, adquirido pela paixão por natação e diversos outros esportes. Nesse momento entendi porque lembrava vagamente do meu avô nadando por horas quando viajávamos à praia. O amigo deles era alvo do humor peculiar da família, eles o abraçavam de propósito só para escutar a frase que era motivo de muitas risadas: "Não faaaaçaaa issooo, Monteiroooo!", exclamava o pobre rapaz.
Fatos como o internato no tradicional Colégio Arnaldo e seus padres não passaram batido. Ele lembrava do Padre "Coqueiro", apelido dado ao famigerado por ser um alemão de 1,90 metro. As conquistas femininas também foram alvo de muita nostalgia: "Eu era muito abusado, conhecia as moças e no mesmo dia já andava abraçado com elas, para delírio dos meus amigos!", contava mal sabendo que eu pensava nesse mesmo instante que ele não tinha consciência de como estava o mundo hoje... Quanta coisa mudou, não? Andar abraçado? Hoje o abraço é secundário...
Se casou aos 34 anos, fato pouco usual em 1950. Devo ter herdado isso também...
O almoço passou muito rápido e como tudo que é bom acaba rápido, precisávamos ir embora.
Já na saída do restaurante, um senhor de cerca de 90 anos, que fumava sem parar, fala bem alto:

- Monteiro!! Não se lembra de mim? - perguntou ele já se aproximando de nós.
- Desculpe, mas o tempo nos faz esquecer muita coisa... - respondeu polidamente como de costume.
- Sou um Sigoud! - citando uma das famílias mais tradicionais de Belo Horizonte.

Nessa hora, o semblante do Sr. Thucydides Monteiro mudou e começou a citar todos da família e amigos desse tal senhor, com nomes e sobrenomes!
A conversa fluiu sobre o Minas Tênis Clube e suas piscinas super exclusivas, sobre casamentos arranjados e amores interrompidos, sobre tudo de uma época que não volta mais.
Percebi o porque de meu tio-avô não se lembrar de fatos recentes: ele tinha coisas muito mais belas e sinceras para se recordar!

- Foi um prazer reencontrar um Monteiro! - se despediu o Sr. Sigoud, muito simpático.

Me dei conta do legado que carrego em apenas duas horas...
Prometi a mim mesmo repassar essa história a todos os meus filhos, netos, sobrinhos e qualquer outro jovem Monteiro.
O mínimo que posso fazer em respeito às memórias do Sr. Thucydides...

Meus bisavós

Meu avô e seus irmãos (2º da esq. para dir.)

Sr. Thucydides Monteiro


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