Uma Paixão que nunca acaba!

Isso mesmo, escrevi paixão com "p" maiúsculo. Assim é o sentimento de um atleticano. É o primeiro amor, amor de criança onde o primeiro contato é surpreendente. Não há descrição exata para o momento em que meus olhos, pequeninos ainda, viram o estádio lotado e manchado de preto e branco.

A massa, como uma seita, cantando o hino do clube mais amado do planeta ecoa nos mais inexperientes ouvidos como uma bela canção. A vibração dessa paixão alucinante faz o chão tremer, cala a torcida adversária, transforma todos ali presentes em irmãos.

Não acho somente uma definição para essa sensação: massa, religião, seita, tsunami, paixão, amor único...

Só quem já esteve no Mineirão lotado pode entender essa palavras.

65.000 fanáticos cantando em verso e prosa o que o mundo ainda não sabe: somos os mais apaixonados do planeta! Torcendo contra tudo e todos, até contra o vento...

Roberto Drumond foi sábio em dizer que o atleticano troca de mulher, carro, trabalho, cidade e o que for preciso, mas não troca seu Galo. Seu time tem oração? Seguem as palavras mágicas deste saudoso atleticano:

"Senhor:
apague o sol
apague a lua
anoiteça os olhos da amada
mas não deixe o Atlético capitular...

...Senhor:

tire o pão nosso de cada dia

corte nossa água

nos condene à fome e à sede

proíba nossos amores

exile as amadas na China

ou na Conchinchina

decrete a solidão

nas esquinas, nos bares e

em nosso coração

faça de nós, Senhor,

um bolero

faça de nós um tango

faça de nós uma guarânia

ou uma balada

faça de nós a mais desesperada canção

nos mate não apenas da sede de água

mas da sede

da boca da amada...

Mate a todos nós
da fome de amor
que é pior que a fome de verdade
mas não deixe, Senhor,
o adversário passar...

...E depois de tudo, Senhor,

depois que o Atlético cantar

aí, Senhor, se julgar necessário

nos tomar algum fruto

após tanta recompensa,

prive-nos de tudo que quiser

exile a amada no Equador

e, outra vez, Senhor

nos mate de amor,

mas não deixe o adversário passar..."