O tempo nunca vence o amor...

Eles se conheceram ainda muito jovens. Tinham uma amiga em comum que os apresentou em uma festa de aniversário. Houve empatia instantânea.

E a partir desse primeiro encontro, passaram a se encontrar esporadicamente, nas festas de amigos em comum ou nas férias.

O interessante era que nunca conseguiam firmar compromisso. Ela arrumava namorado e ele sempre enrolado com alguma moça.

Mas todos achavam que existia algo diferente nesse dois.

Houveram momentos hilários em diversas ocasiões. Ela, ao ver ele beijando outra, se enroscava no pescoço de outro. Ele fazia o mesmo. Havia um ciúme disfarçado de pretenso desinteresse.

Mas, como todos nós sabemos, a vida se encarrega de nos pregar peças.

Ele arrumou uma namorada que, depois de certo tempo, engravidou. Foi uma festa! Cuidavam de todos preparativos, curtiam a gravidez como podiam.

Chega o dia do parto e eles se encaminham para a maternidade. Ele todo cuidadoso com a mãe de seu primeiro filho. Ao dar entrada nos papéis, eis que acontece algo que ele nunca poderia imaginar: vem entrando seu "rolinho" de anos, grávida, para dar a luz também à uma menina!

As meninas nasceriam no mesmo dia, na mesma hora e na mesma maternidade!

Os dias seguintes foram de muitos cuidados de ambas as partes. Ele cuidava da mãe da sua filha e dava uma "fugidinha" para o outro quarto no mesmo andar.

Ainda preservava o mesmo carinho de antes por ela.

Ele sempre dizia à sua filha, agora já crescida:

-Papai tem uma amiga com uma filha que nasceu no mesmo dia, hora e hospital que você. - lembrando-se com muito carinho.

-Então eu tenho uma irmã gêmea, papai! - dizia com o mundo de sonho dos pequenos.

Mais algum tempo e ambos se separaram dos respectivos parceiros. E ficam mais outro tempo sem se ver.

Ele começa a namorar outra moça, ela curtia uma solteirice. Mas havia sempre a festa de aniversário da amiga em comum. E a namorada dele não pôde ir. E se encontraram mais uma vez...

E quando se viram, o sentimento veio à tona novamente. Era amor! Passaram uma vida se amando e faziam de conta que não existia esse sentimento.

Mas sabiam que não podiam perder outra oportunidade e assumiram que nasceram um para o outro.

Todos sabiam que se completavam.

Como nada na vida desse dois poderia ser menos que espetacular, resolveram se casar.

Tudo sendo preparado com esmero, nada podia dar errado na cerimônia de confirmação desse amor.

Ela aguardava ansiosa dentro do veículo antigo, sonho de várias noivas para chegar à Igreja. Eis que o bendito resolve apagar à um quarteirão da Igreja e ela já estava atrasada...

Lembrou-se do padre avisando:

-Começando às 21:00 ou às 21:55, o casamento acaba às 22:00! - fazendo o estilo padre "durão".

Perguntou as horas e tomou um susto com a resposta do motorista: eram 21:20!

Cerimonial preocupado, padrinhos curiosos, convidados ansiosos. Se desesperou...

O motorista calmamente avisou que iria tentar dar a partida do carro no tranco, para isso, desceu a rua na contramão se afastando cada vez mais da Igreja.

Quando viram que o carro não iria mesmo ligar, já estavam à vários quarteirões do local.

Ela não teve dúvida: desceu do carro em uma das mais movimentadas avenidas da zona sul de Belo Horizonte. Gesticulava freneticamente para todos os motoristas que passavam. Ela realmente queria uma carona para a Igreja!

Uma moça passava pelo local e viu a cena, parou. Afinal, não era comum ver uma noiva parecendo uma 'cheerleader" em plena avenida. Ainda mais com aquela expressão de desespero latente em seu rosto:

-Preciso me casar! Me leva para a Igreja? - implorou quase gritando.

E essa boa alma a levou para se casar com o amor de sua vida.

Por mais que isso possa parecer um conto, é uma história verídica em cada palavra. É a reprodução fiel de um sentimento que muitos teimam em ignorar: o amor é atemporal e resiste a tudo!

Vocês devem estar se perguntando: E as meninas? As filhas dos dois?

Isso é fácil...

Vivem como irmãs gêmeas...